sexta-feira, 30 de julho de 2010

o envelope


A chuva intensa fustigava a noite escura. Um vulto ali, outro acolá tentando escapar à violência do vento de sudoeste tão comum no inverno da Póvoa do Varzim. Em frente ao edifício Enseada um automóvel com matrícula espanhola estacionou. Os dois espanhóis entre-olharam-se apreensivos pela tempestade, miraram o enorme envelope e fizeram sinal ao motorista. Este desceu e dirigiu-se ao Palácio Hotel. A cerca de 10 metros parou, os olhos perscrutaram o seu interior. Um sujeito de bigode fumava um charuto cubano enquanto com a unha do dedo mindinho fazia o sinal combinado. Era ele, era o famoso Zé Laia. O motorista regressou em passo de corrida ao automóvel e exclamou para os espanhóis: es el hombre! Os espanhóis desceram e apressadamente dirigiram-se ao hotel. Zé Laia piscou o olho. Rumaram ao balcão e perguntaram o endereço do Casino. Zé Laia já se havia levantado. O envelope estava guardado. No dia seguinte o seu recheio iria parar à conta do filho, não fosse o Diabo tece-las. O empreendimento do Quintas estava a correr como o previsto.