segunda-feira, 23 de maio de 2011

história da carochinha

Desaires Eleitorais, o número 2 de Zé Laia, cansado de estar no poder por mais de 20 anos achou que era sua obrigação promover a Póvoa do Varzim de uma forma diferente. Pensou, pensou e depois de muito pensar chegaou a conclusão nenhuma. Raisparta, dizia ele na casa de banho enquanto se olhava no espelho. Foi enquanto fazia aquilo que mais gostava, que era andar de carro pago com o dinheiro dos contribuintes que Desaires teve uma ideia luminosa: porque raio é que tanto poveiro andava de bicicleta? Questão que fez questão de submeter a Zé Laia, o qual como resposta vociferou o seguinte: importas-te de repetir a pergunta? Nem Alfonso o Árabe, tido como a cabeça mais inteligente da Prefeitura, conseguiu obter uma resposta sensata. Já Kadafe serviu -se da cassete: é por causa dos livros, meu.


Até que teve um sonho: Desaires viu que os poveiros comentavam que a Póvoa do Varzim era plana e tinha uns morros óptimos para trepar. Foi ter com o campeão regional da categoria, o Zé Ferinha, e ambos montaram uma sociedade de venda de bikes. Bike para cima, bike para baixo, o negócio florescia. Desaires viu também que tinha na Prefeitura uma via para promover a cidade como Capital do Ciclismo e vira a organizar provas da modalidade.


Foi na última edição da prova Primavera Moderna que Desaires teve um descuido que lhe pode ser fatal para a sua carreira desportiva: foi convocado para um controlo anti-doping.


Vejamos como tudo aconteceu:


No dia anterior Desaires sentiu-se mal. Telefonou ao Zé Ferinha, experiente na aplicação de fármacos enquanto atleta e disse-lhe: ai Zé Ferinha, tou aqui cuma dor de barriga.


Zé Ferinha: toma uma alcaselza que te faz bem e liberta os gases e a seguir tomas uma biagra e ficas cheio de pauer.


E assim foi. Desaires à noite nem conseguia dormir. Filha da puxa do Ferinha quilhou-me, tou aqui que nem me aguento de pauer.


No dia da prova, logo de manhã, Desaires já corria no quintal do seu apartamento.


À hora da prova, pronto para arrancar, toca o telemóvel: ai papá tive um acidente.


Adonde fila?


Aqui na retunda.


Prontos. Telefona à tua mãie e diz-lhe para telefonar à polícia que o pai agora vai correr.


Ai, tá bem, dizia a filha a chorar, por ter estragado o Mercedes que o pai lhe havia oferecido.


Raisparta a rapariga! Eu bem lhe devia ter dado o Cinca de quando vim prá Prefeitura.


Desaires ia no pelotão da frente, cheio de vontade de ganhar de desfazer todo o biagra que desde o dia anterior lhe atormentava os... ...joelhos.


Da-se Ferinha, aquele biagra era forte.


Bais gánhar, dizia Ferinha.


Na meta de repente o alvoroço. Chegou um grupo de indivíduos vestidos de preto. O Carias e o Duardo barraram a passagem: que querendes vós pá?


Somos do controlo anti-doping.


O Caris e o Duardo fugiram para debaixo de um camião que estava próximo.


Quando ouviram o nome de Desaires Eleitorais para ser controlado, correram colina acima para avistar o seu chefe e amo.


Dr. Desaires, Dr. Desaires (Desaires era inginheiro, mas gostava que o tratassem por doutor) bocê bai ser controlado.


Foge Desaires que o biagra acusa, disse Ferinha.


Desaires desatou a correr com a bike no braço e desapareceu.


Para simular a fuga Desaires telefonou à filha: onde estás fila?


Tou em casa agora.


Vai já pró local do acidente que eu bou ter cuntigo.


Ai, mas o acidente já cabou.


Bai na mesma e chama a polícia e diz qué da minha parte.


Dez minutos depois estava Desaires na rotunda a dar ordens aos polícias com o equipamento da AL-NSS vestido e ainda com os joelhos doridos fruto do diabólico Biagra que Zé ferinha havia recomendado.


Põe o culete pá, num és mais do que os outros, gritavam os automobilistas incomodados com a espera.


Culete precisas tu no penes, respondia Desaires.





Safastes-te bem, disse-lhe Zé Ferinha no dia seguinte.


É mas inda tou cus joelhos doridos. Da-se!

Sem comentários: