segunda-feira, 19 de julho de 2010

posta de bacalhau



Momento em que os deputados cantavam o hino nacional para deleite de Posta e depois já zangado com a intervenção de Ervilha

Se em 2005 Al Fonso o Árabe foi a grande aposta de Zé Laia para substituir os chamuscados Mário Urbano e Paulo Rústico, já em 2009 o cabeça de cartaz da candidatura do Zé foi Posta de Bacalhau. E não se pense que Posta de Bacalhau tem desiludido. Puro engano. Atirou-se ao cargo de Presidente da Assembleia Constituinte com unhas e dentes, quer demonstrando segurança e autoridade na mesa da Presidência, quer evidenciando sapiência nas intervenções como deputado que ele, contra a lei, faz questão de usufruir.

A última sessão foi hilariante. Posta de Bacalhau estava num frenesim. É sempre assim quando o tema é a cultura, seja livresca, seja cinematográfica, seja teatral.


Posta: Ora vou dar ali a palavra à D. Ervilha que quer intervir. Faça favor D. Ervilha.

D. Ervilha: Queria perguntar ao Zé Laia quando estão prontas as obras de Santa Engrácia?

Posta: Quais são essas obras de Santa Engrácia D. Ervilha?

D. Ervilha: São aquelas ali ao fundo no teatro, ora essa. Que outras haviam de ser?

Posta: Isso num estava na Ordem de Trabalhos, porra!

D. Ervilha: mas num posso perguntar? Se calhar... ...

Nesta altura Zé Laia já fervia. Desapertava a gravata, bufava, batia com as unhas na mesa.

Posta: Zé Laia queres responder?

Zé Laia: Que foi? Que queres? Disse Zé Laia já com vontade de mandar Ervilha para as Honduras.

D. Ervilha: O senhor devia seguir os bons exemplos dos vizinhos.

Zé Laia perdeu as estribeiras.

Zé Laia: O quê home? Eu num admito que me fale assim. Nunca ninguém me falou assim, ouvistes?

D. Ervilha: Eu falo como eu quiser, homessa! O senhor está a fazer correr a questão para apresentar o Garrett como bandeira da sua candidatura em 2013. Eu sei disso.

Zé Laia: Sabes o quê? Tu num sabes nada. O Governo roubou-me 250 mil euros e tu num quiseste saber, num pagou o Parque de Estacionamento e tu num quiseste saber, num pagou o Correntes das Escritas do Kadafe dos Pneus e tu num quiseste saber. E agora vens prá aqui mostrar ignorância é o que tu vens mostrar. Um gaijo vai a Paris e lá é tudo bonito, mas quando chega aqui é apelidado de parolo. É sempre assim.

D. Ervilha: Num precisa de gritar amigo que eu ouço bem. O raio do home ainda me vai bater. Às tantas vou-me embora prá minha casinha.

Nesta altura Zé Laia começou a rir e pediu fotografias.








De repente o inesperado. Tocado Júnior filho do Tocado sénior, deputado pelo Partido do Social, envergando a camisola do Varzim oferecida pelo pai, levanta-se e com os pulmões cheios de ar grita:

Eu sou um intelectual. Eu não mereço isto. Andei a estudar para quê pá? Já dizia o meu pai estudas pra quê pá? Compras os livros e lês em casa.

Todos riram e acharam que a pouca idade o desculpava.

Zé Laia: Calma miúdo! A gente zanga-se mas é porque isto estava muito morno. Eh eh eh!

Xinhor Prexidente eu peço desculpa por estar aqui mas queria falar se faxavor.



Era o Penedo do Bairro da Esquerda, um bairro poveiro só com gente da esquerda, com o qual Zé Laia simpatizava muito.

Posta: Eh pá, que é isso? Falas assim sem pedir licença. Mau mau. Diz lá o que queres.

Penedo: Xinhor Prexidente eu queria que o Saramago fosse homenageado aqui.

Posta: O Saramago é comunista pá.

Aqui Zé Laia interveio: É como eu Posta, é o povo no poder. Deixa-o falar.

Posta: Fala lá primaço.

Penedo: Xinhor Prexidente eu queria que a Assembleia aprovasse o seguinte texto.

" A AC vem prestar sentida homenagem a José Saramago , brilhante intelectual da literatura e da cultura portuguesas"

Zé Laia levantou-se sozinho e bateu palmas gritando: PêCêPê! PêCêPê! PêCêPê!

Posta começou aos pontapés à mesa e a dizer caralhadas até que alguém, que ninguém via, mas com a voz grossa disse:

"Sentida" e "brilhante" não, num faz sentido e parece o Porto a jogar.

Todos se riram. Era Jorge Beira do Centro do Democrata e do Social.

Posta: Quem falou? Ai és tu Beira. Põe-te em cima do banco e fala Beira.

Beira: Eh pá, sentida porquê pá, eu num sinto nada, e brilhante porquê, eu escrevi livros melhores que o Saramago pá.

Posta de Bacalhau levantou-se e gritou: Viva o Beira, abaixo o Saramago!

Aqui a esquerda, na qual de inclui Zé Laia por direito próprio assobiou Beira e Posta. Este não conteve a fúria, levantou-se e dirigiu-se ao púlpito para discursar, como qualquer deputado.

Posta: Senhor Presidente peço a palavra.

Correu em direcção à mesa e respondeu a ele próprio: faz favor Posta tens a palavra.

Correu novamente para o púlpito e disse:

Obrigado Senhor Presidente. Eu quero manifestar aqui o meu desagrado com esta manifestação de comunismo na sala. Quem era Saramago pá? Ninguém pá. Torga morreu e ninguém quis saber. Vergílio Ferreira morreu e ninguém quis saber. Ambos eram superiores a Saramago, como eu era.

Aqui Zé Laia levou as mãos à cabeça.

Alguns deputados retiraram-se. Posta ficou a falar sozinho.

Quem manda aqui? Vociferou ele.





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