andam a matar a democracia

Buenos chorava como um perdido. O meu amigo Isaltino foi preso, isto num se faz nem ao menino jesus. Vira a página e outro choque: Menezes impedido de se candidatar à Câmara do Porto. As lágrimas escorriam-lhe pela face. Bandidos que andam a matar a democracia, a decapitar o nosso partido, a impor uma ditadura dos Tribunais. De repente ouve-se a sirene da PSP:

Buenos pensando que tinha chegado a vez dele, esconde-se debaixo da secretária e liga para mulher: mor, vai já ter com o Dr. Pires e diz-lhe para tirar o dinheiro todo dos bancos e meter na tábua falsa debaixo da cama. O que foi mor, o que foi que te aconteceu home de deus? A polícia está aí pra me levar prós calabouços. Num tá nada mor, tu é que tás a sonhar.

Buenos ficou mais descansado, mas por via das dúvidas rastejou até à janela do gabinete e espreitou para a rua: ninguém, pensou ele.

Decidu telefonar ao Isaltino mas este não atendeu. Coitado do home pá, a comer massa cum carne, nem ao menos uma saladinha dão, pá. Inde-vos imbora, vós mais as prisões.

Telefona ao Menezes:

Tá Menzes, daqui é o Buenos pá teu grande amigo. Olha, atão tu foste pró Tribunal Constutucional?

Não.

Eu vi logo. Foste pró Constitucional, num foste?

Ainda não.

Inda não, ai tu dizes isso, inda não. Quer-se dizer já levaste na cabeça e ainda estás a pensar ir pró Constutucional.

Num é constutucional que se diz, é constitucional.

Ai é? Atão como é que se chama essa rua no Porto? Num é a rua da Constutuição?

Não, é rua da Constituição.

Tu num és do Porto Menezes, tu num és do Porto, vê-se logo que nunca foste às meninas. Atão qual foi o tribunal que te tramou?

Foi o da comarca.

Aqui Buenos apanhou o maior cagaço da vida dele: ai foi? Cuidado com o da comarca Menezes, foi o que me lixou tamém.

Mas num é a mesma comarca.

Ai não num é, ai não! Menezes toma cuidado cuntigo, Menezes. Olha aparece aqui no cicloturismo.

Se acordar eu apareço para o almoço.

Eh eh eh, sempre o mesmo este Menezes.