Vivia o el dorado o Outro, depois de ter passado a pasta para Buenos. À noite era Casino e mulheres e, quando se levantava, aí pelas 11 horas da manhã, a primeira coisa que fazia era ler os jornais, o Le Monde e o El Pais, enquanto os coçava.
Oui, oui merci, começava ele sempre que virava a folha. As explicações da tia Alice de nada lhe serviram. Como enrolava a língua por natureza já possuía dificuldades na língua portuguesa quanto mais nas estrangeiras. Oui, oui merci, continuava. Depois de nada ler do Le Monde passava para o espanhol El Pais: hombre, hombre, gritava alto. O pouco que sabia de espanhol vinha das temporadas que passava em Vigo no apartamento que um empreiteiro lhe havia oferecido.
Já com dores de cabeça de tanto espanhol resolve telefonar a Buenos: deixa-me ver se ele se desenrasca sem mim, eh eh eh!
Alô Buenos!
Daqui é a secretária.
Agora a secretária fala? Eh eh eh!
O senhor está a gozar comigo?
Calma, calma menina. Queria falar com o Dr. Buenos.
O Dr. Buenos está numa reunião e só acaba pelo meio dia e meia.
Ai o finório do carago, agora faz reuniões, eh eh eh! Tá bem menina eu ligo à tarde.
Pelas 16 horas e quando se encontrava à conversa com o seu sócio de compras e vendas de terrenos, liga a Buenos: Eh Buenos como é que vai isso?
Vai normal.
Normal? E atão que tens feito?
Hoje estive a treinar pugilismo e agora estou a ler o Boletim da Associação Pró-Mais Sopra dos Pobres.
Eh eh eh! Continua fraquinho este Buenos.
Olha sabes que vou receber o emblema de ouro.
Quê compraste-lo?
Compraste-lo, compraste-lo, só sabes dizer isso. Atão num tenho 50 anos de associado?
Ai tens?
Soi eu que vou pagar o jantar, porque o clube diz que tá sem dinheiro e o carago.
E tens dinheiro?
Eh eh eh! Tens dinheiro, inda perguntas?
Olha aparece prá gente beber um caneco e levas as tuas gentes pra encher.
Qandé?
Prá semana que vem.
Istá bem.
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