sexta-feira, 19 de outubro de 2012

o outro queria ser rei

É a maior incógnita da política local: quem convenceu o Outro de que isto era uma dinastia. A expressão teve tal impacto na sua vida que ele sonhava quem poderia ser da sua família o seu sucessor. Sim porque ele quando ouviu a palavra dinastia foi ao dicionário ver o significado. Que porreiro! Disse ele em frente ao espelho. Ora poderia ser o meu irmão, ou o meu primo, ou o meu filho, ou a minha tia, tanta gente que me poderia suceder. É sinal que tenho gente com qualidade na família, eh eh eh! Ria-se ele todo babado.
Saiu para a rua e virou-se para os cidadãos: isto é uma dinastia e eu vou ter um sucessor.

É pá, vais ser o rei então. Olha, tens que trazer a croa amigo. Dizia o Damião envolvido com a oposição.

Já o Venâncio do mesmo partido gritou bem alto: é preciso tê-los no sítio pra ser rei.

Eh eh eh! Ria-se o Outro. É verdade e eu tenho-os.

Mas num mostres, da-se, inda dizem que és um cavalo de corrida, respondeu o Damião.

Chegado à Câmara o Outro foi logo ter com Buenos que estava a ler uma entrevista do seu chefe aqui do Norte: Buenos, Buenos vou ser rei, tenho uma dinastia.

Ai vais? E quem te disse isso?

Todos dizem, todos me reconhecem como rei. Sou rei, sou rei, sou rei! Gritava o Outro. Achas que convide o meu primo para me suceder?

Qual? O que está sempre no Gato Preto?

Não, aquele que tirou o curso com o Relvas.

Ah!

Buenos que tinha tudo programado para assaltar o poder não gostou nada da brincadeira e, em desespero, passou a frequentar os cafés mais badalados, aqueles onde a oposição se reunia, onde os comparsas discutiam política, onde os empresários seus amigos jogavam poker.

Então Jesuíno o que se diz por aí de mim?

Diz-se que tu és um chulo agarrado ao poder.

Quem foi que disse isso keu parto-lhe já as bentas.

No clube dos empresários: Oh Dr. Pedro São Félix então o que se diz por aí de mim?

Diz-se que tu o que queres é apartamentos de borla.

Quem foi que disse isso?

Todos dizem.

Buenos começou a temer pelo seu futuro político, mas num passe de magia tramou uma solução para entalar o Outro, o rei.

Tá Outro? Diz Buenos, respondeu o Outro a conter o riso por ver que Buenos ia de vela, por ser tão fraquinho.

Precisamos reunir para definir estratégias.

Vamos, vamos reunir, respondeu o Outro cheio de felicidade.

À hora marcada estavam todos, menos o Outro que chegou atrasado 30 minutos. Sentou-se em silêncio.

São horas de chegar? Perguntou Buenos.

Sabes que eu sou o rei e chego à hora que quero, disse com sobranceria o Outro.

Buenos iniciou o discurso:

Meus amigos, como sabem, o partido está a estudar o nome para suceder aqui ao Outro. O Outro não gostou desta introdução. Nós somos uma democracia e é a maioria quem decide. Então o partido decidiu que sou eu quem vai candidatar-se.

Porquê tu? Perguntou em pânico o Outro.

Porque eu soi presidente do partido e eu é que decido.

Mas assim não é uma dinastia isto?

Pois num é não.

O Outro saiu em desespero e perante a falta interna de apoios, já que Buenos controlava todo o aparelho, foi para as rádios apresentar-se como a chave para a solução:

Eu já estou farto de dizer quisto num é uma dinastia, em que vai de família para família, isto é uma democracia e quem decide é o partido e como ele é o presidente do partido, ele acha que tem condições para ser ele o candidato. Disse o outro com a espuma no canto da boca enquanto controlava a raiva.

Entretanto algures Firmino sofria: ai que tou doentinho!

1 comentário:

Anónimo disse...

ESTÃO A ATACAR O PS ESTÃO A ATACAR O PS