Desaires Eleitorais, o número 2 de Zé Laia, cansado de estar no poder por mais de 20 anos achou que era sua obrigação promover a Póvoa do Varzim de uma forma diferente. Pensou, pensou e depois de muito pensar chegaou a conclusão nenhuma. Raisparta, dizia ele na casa de banho enquanto se olhava no espelho. Foi enquanto fazia aquilo que mais gostava, que era andar de carro pago com o dinheiro dos contribuintes que Desaires teve uma ideia luminosa: porque raio é que tanto poveiro andava de bicicleta? Questão que fez questão de submeter a Zé Laia, o qual como resposta vociferou o seguinte: importas-te de repetir a pergunta? Nem Alfonso o Árabe, tido como a cabeça mais inteligente da Prefeitura, conseguiu obter uma resposta sensata. Já Kadafe serviu -se da cassete: é por causa dos livros, meu.
Até que teve um sonho: Desaires viu que os poveiros comentavam que a Póvoa do Varzim era plana e tinha uns morros óptimos para trepar. Foi ter com o campeão regional da categoria, o Zé Ferinha, e ambos montaram uma sociedade de venda de bikes. Bike para cima, bike para baixo, o negócio florescia. Desaires viu também que tinha na Prefeitura uma via para promover a cidade como Capital do Ciclismo e vira a organizar provas da modalidade.
Foi na última edição da prova Primavera Moderna que Desaires teve um descuido que lhe pode ser fatal para a sua carreira desportiva: foi convocado para um controlo anti-doping.
Vejamos como tudo aconteceu:
No dia anterior Desaires sentiu-se mal. Telefonou ao Zé Ferinha, experiente na aplicação de fármacos enquanto atleta e disse-lhe: ai Zé Ferinha, tou aqui cuma dor de barriga.
Zé Ferinha: toma uma alcaselza que te faz bem e liberta os gases e a seguir tomas uma biagra e ficas cheio de pauer.
E assim foi. Desaires à noite nem conseguia dormir. Filha da puxa do Ferinha quilhou-me, tou aqui que nem me aguento de pauer.
No dia da prova, logo de manhã, Desaires já corria no quintal do seu apartamento.
À hora da prova, pronto para arrancar, toca o telemóvel: ai papá tive um acidente.
Adonde fila?
Aqui na retunda.
Prontos. Telefona à tua mãie e diz-lhe para telefonar à polícia que o pai agora vai correr.
Ai, tá bem, dizia a filha a chorar, por ter estragado o Mercedes que o pai lhe havia oferecido.
Raisparta a rapariga! Eu bem lhe devia ter dado o Cinca de quando vim prá Prefeitura.
Desaires ia no pelotão da frente, cheio de vontade de ganhar de desfazer todo o biagra que desde o dia anterior lhe atormentava os... ...joelhos.
Da-se Ferinha, aquele biagra era forte.
Bais gánhar, dizia Ferinha.
Na meta de repente o alvoroço. Chegou um grupo de indivíduos vestidos de preto. O Carias e o Duardo barraram a passagem: que querendes vós pá?
Somos do controlo anti-doping.
O Caris e o Duardo fugiram para debaixo de um camião que estava próximo.
Quando ouviram o nome de Desaires Eleitorais para ser controlado, correram colina acima para avistar o seu chefe e amo.
Dr. Desaires, Dr. Desaires (Desaires era inginheiro, mas gostava que o tratassem por doutor) bocê bai ser controlado.
Foge Desaires que o biagra acusa, disse Ferinha.
Desaires desatou a correr com a bike no braço e desapareceu.
Para simular a fuga Desaires telefonou à filha: onde estás fila?
Tou em casa agora.
Vai já pró local do acidente que eu bou ter cuntigo.
Ai, mas o acidente já cabou.
Bai na mesma e chama a polícia e diz qué da minha parte.
Dez minutos depois estava Desaires na rotunda a dar ordens aos polícias com o equipamento da AL-NSS vestido e ainda com os joelhos doridos fruto do diabólico Biagra que Zé ferinha havia recomendado.
Põe o culete pá, num és mais do que os outros, gritavam os automobilistas incomodados com a espera.
Culete precisas tu no penes, respondia Desaires.
Safastes-te bem, disse-lhe Zé Ferinha no dia seguinte.
É mas inda tou cus joelhos doridos. Da-se!
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