O José Andrade das injustiças, do povo, das touradas, dos indígenas, do "há por à" e do "à por há", o cronista do pior jornal poveiro, o homem com mais processos crime movidos pela Câmara, estava lá a ver o mais degradante espectáculo que alguma vez foi visto e, principalmente, ouvido nesta cidade. E vibrava com a música techno que acompanhava meia dúzia de palermas vistos por outra meia dúzia, que em cima de bicicletas exercitava o capacete e promovia mais um salão de fitness, algo a que a autarquia resolveu este ano aceder (o desespero pela eventual perda em 2013 a isso obriga). José Andrade vestiu-se a rigor: sapatilhas, jeans, t-shirt e uma fita à volta da cabeça, vermelha como convém para o touro o comer por trás, e não traz.
E dançava, dançava e convidava quem passava para o acompanhar na sua dança frenética. Foi um outro José Andrade que poucos conheciam. Zangou-se, barafustou com quem se indignava com o barulho ensurdecedor, espantou a farmacêutica que se foi queixar de que não conseguia trabalhar, bateu palmas aos agentes da PSP que lá se deslocaram a pedido de cidadãos que se sentiam incomodados. E gritava, mas gritava bem alto: Viva a crise! Viva Zé Laia! Oh carago enganei-me, rectificou ele.
Há tipos que conseguem ser palermas só a escrever.
Há tipos que conseguem ser palermas só a escrever.
Sem comentários:
Enviar um comentário